Garotos de Bem: Principais diferenças entre o livro e o filme chocante da Netflix

Desde que o filme Garotos de Bem” estreou no catálogo da Netflix, o filme tem estado em alta nas redes sociais. Baseado em uma história real, o longa surpreende pela explicitude de suas cenas e maneira crua de relatar os acontecimentos.

Com um elenco de sucesso composto por estrelas promissoras do cinema italiano, o filme consegue inserir o espectador em um cenário de angústia e aflição que o prende até o último segundo.

Para além de se apresentar como uma história baseada em fatos reais, algo que nem todos sabem é que Garotos de Bem” também teve inspiração em um livro que fez sucesso na Itália, escrito pelo romancista Edoardo AlbinatiConfira, a seguir, algumas informações relevantes sobre a obra:

Conheça o livro que inspirou “Garotos de Bem”

Garotos de Bem: Principais diferenças entre o livro e o filme chocante da Netflix
Filme foi baseado em livro de Edoardo Albinati (Imagem: Divulgação/Rizzoli/Netflix).

Publicado em 2016 na Itália, o livro La scuola cattolica” (“A Escola Católica”, em tradução livre) narra em suas 1.300 páginas uma história que permeia entre a ficção e a realidade. Ao convidar o leitor para refletir sobre as memórias de cada um dos seus 5 personagens principais, a obra consegue abduzir o leitor para suas páginas, cujos acontecimentos também chocam aqueles que se entregam ao enredo.

O narrador principal conduz os leitores até os anos 70, quando ele morava em um bairro isolado de Roma. Lá, ele compartilha suas memórias sobre o Institituto San Luigi, onde aconteceu o chocante crime que ficou conhecido como o Massacre de Circeo, que marcou a história do país. É nesse contexto que a trama busca, através das memórias, representar o contexto tóxico e violento em que os líderes dessa ação criminosa cresceram.

Livro foca em contextualizar o leitor sobre o plano de fundo das ações criminosas (Imagem: Reprodução/BUR).

Através de um ponto de vista bastante crítico, os leitores conseguem ter um panorama ultrarrealista de tudo que antecedeu o crime: as famílias ricas dos estudantes, o ambiente misógino do colégio, o neofascismo crescente da Itália e o idealismo violento do país. A história se desdobra até o fatídico ano de 2005, quando o assassino Angelo Izzo, que esteve envolvido no Massacre de Circeo, volta a atacar novamente e mata outras duas mulheres.

Publicado em diversos idiomas pelo mundo, os interessados na obra podem consultá-la em suas traduções em inglês espanhol. Até o momento, nenhuma editora brasileira se pronunciou sobre a possibilidade de publicar a obra no Brasil.

Diferenças entre o livro e o filme da Netflix

Garotos de Bem
Garotos de Bem: Diretor optou por abordagem diferente no filme (Imagem: Reprodução/Netflix).

É claro que, por se tratar de mídias diferentes, o livro La scuola cattolica” e o filme Garotos de Bem” apresenta diferenças estruturais em sua narrativa. Apesar de narrar sistematicamente a mesma história, o filme – apesar de chocante – oculta nuances muito importantes para a construção da história, algo que Albinati não faz em sua publicação.

É claro que, de acordo com o parecer crítico, o livro propicia uma história bem mais imersiva que o filme do streaming. Entre as abordagens que fazem parte da obra original e não está muito presente no longa, por exemplo, é possível citar a forma como o diretor Stefano Mordini ocultou as origens neofascistas de cada um dos personagens principais.

Por terem crescido em um país onde o autoritarismo do fascismo marcou a história, os personagens do livro são fortemente incentivados por um discurso violento  notoriamente neofascista, onde a justificativa para tamanha violência se apresenta através da ótica de uma suposta superioridade. Para evitar problemas e preciosismos históricos sobre a Itália, os produtores decidiram por deixar este arco de lado.

Origens neofascistas dos personagens foram deixadas de lado pelo filme (Imagem: Divulgação/Netflix).

Além disso, a ótica pela qual a história é narrada também é modificada: o livro é narrado em primeira pessoa, e mostra o próprio Edoardo Albinati voltando aos locais onde tudo aconteceu e como as consequências daquele massacre perduram até hoje. É nesse sentido que o autor aproveita a oportunidade para contextualizar os leitores na Itália da época e apresentar como o meio influenciou os atos.

Já no filme da Netflix, o diretor adota uma ótica completamente diferente ao narrar a história em 3ª pessoa, como se o espectador estivesse presenciando cada um dos atos. É claro que, por um lado, isso garante uma experiência mais imersiva e chocante – algo pretendido pela direção, que não poupa esforços em gerar angústia no espectador.

Por outro lado, contudo, o filme deixa a desejar no seu lado estrutural, já que o assinante não tem acesso a complexidade de tudo o que aconteceu, algo que só consegue explorar a se aprofundar na obra de origem.

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Marcello OliveiraArquiteto e Urbanista aficionado por Cenografia e Cinema. Criador de conteúdo da área desde 2013 e apaixonado por adaptações cinematográficas, especialmente de fantasia.
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