Às vezes, as verdadeiras maratonas no cinema acontecem por trás das câmeras. É exatamente isso que marcou a fascinante sequência de dança de Pobres Criaturas, filme muito bem cotado nas premiações desse ano e que, provavelmente, deve dar um Oscar para Emma Stone esse ano.
A cena, estrelada pela atriz e Mark Ruffalo, se tornou uma das mais memoráveis do filme. E não é pra menos, já que ela dispendeu um grande tempo de ensaio, além de cansativas 12 horas de filmagem para ficar perfeita.
Hipnotizante e bizarra, a “dancinha” de Bella (protagonista) não foi nem de longe tão espontânea quanto a protagonista demonstra, e exigiu um imenso trabalho e pesquisas por parte da coreógrafa Constanza Macras, que explicou todo o processo de criação em entrevista ao Business Insider .
Coreografia foi inspirada no folclore português
Yorgos Lanthimos, diretor de obras como A Favorita e O Lagosta, convocou a coreógrafa Constanza Macras para dar vida à coreografia de seu novo filme, pois sabia como a profissional conseguia dar vida aos seus pensamentos após já ter trabalhado com ela em A Favorita.
Assim, Macras trouxe sua visão artística, com um grande toque de curiosidade etnográfica para o projeto. Mergulhando nas tradições do folclore português, ela desenhou a cena de dança de forma a casar bem com a própria complexidade dos dois personagens – Bella, a mulher com corpo adulto, mas presa num intelecto infantilizado e cheio de curiosidade, e Duncan Wedderburn (Ruffalo), o amante inesperado e exasperado dela.
Constanza contou em entrevista que Lanthimos lhe forneceu três peças musicais, cada uma introduzindo um elemento que acabaria por definir o ritmo e a atmosfera da coreografia.
Assim, começaram os ensaios intensivos e um rigoroso processo de feedback do diretor, que ajudaram a coreografar não apenas Stone e Ruffalo, mas também uma leva de figurantes que não possuíam qualquer formação em dança, mas emprestaram à sequência um toque de autenticidade caótica, instruídos ao vivo durante a própria filmagem.
Stone e Ruffalo passaram duas semanas, duas horas por dia, aprendendo a coreografia inicial, e ao longo do tempo, conforme explicou Constanza, começaram a se sentir confortáveis para adicionar seus próprios toques pessoais à dança. Segundo a coreografa, o início da dança, com Bella rodando no meio do salão, foi um ato totalmente espontâneo de Emma Stone.
Doze horas de gravação para uma cena de dois minutos
Para capturar os dois minutos da dança de Pobres Criaturas, a equipe precisou executar mais de sessenta tomadas da cena.
Coordenar atores, coreografia e extras não foi das tarefas mais simples, e até conseguirem atingir exatamente a atmosfera que vimos no resultado final do filme, foram necessárias doze horas de gravações intensas.
O resultado desse esforço, no entanto, acabou atingindo um dos claros objetivos ocultos de toda a cena: fazer com que o corte viralizasse nas redes sociais, aumentando a curiosidade pelo filme.
Como esperado, o trecho da dança tornou-se um fenômeno logo após o lançamento, conquistando a internet e, particularmente, a comunidade vibrante do TikTok. Imitações da dança eclodiram, uma após a outra, como já se tornou de praxe com quase todos os filmes e séries em que uma cena de dança aparece.
A ambição da coreógrafa agora é que a coreografia possa ser reproduzida no palco do Oscar desse ano. Alguém realmente duvida que isso vai acontecer? Bom, veremos no próximo dia 10 de março, quando a cerimônia vai ao ar.
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