Uma onda de controvérsia abalou o cenário cultural da Tunísia após o anúncio de que o ator americano Denzel Washington interpretará o general cartaginês Aníbal em uma nova produção da Netflix dirigida por Antoine Fuqua.
Representantes da mídia tunisiana e membros do Parlamento do país expressaram descontentamento com a escolha do ator, alegando incoerência histórica na representação de Aníbal, que seria de origem semita do oeste da Ásia, e não africano negro.
Yassine Mami, figura política local, vocalizou preocupações, enfatizando que retratar Aníbal de maneira imprecisa poderia resultar na falsificação de detalhes históricos. O jornal La Presse ecoou as queixas, rotulando a representação do general como um erro.
Por outro lado, a ministra da Cultura tunisiana, Hayet Ketat-Guermazi, manifestou uma visão mais pragmática acerca da produção. Ela reconheceu que o filme é uma obra de ficção, portanto, a Netflix possui liberdade criativa para desenvolver seu próprio conteúdo.
Além disso, Guermazi expressou a esperança de que parte das filmagens ocorra na Tunísia, visando colocar o país no mapa como um destino atraente para produções internacionais de cinema.
Até o momento, não houve resposta oficial por parte da Netflix, do ator Denzel Washington, ou do diretor Antoine Fuqua em relação aos comentários provenientes da Tunísia.
Este não é um caso isolado de discordância na indústria cinematográfica. Anteriormente, houve protestos semelhantes no Egito quando Adele James, atriz de herança mista, foi escolhida para interpretar Cleópatra, que tinha ascendência europeia, abrindo debates sobre precisão histórica e representatividade no cinema.
O projeto em questão ainda sem título terá o roteiro nas mãos de John Logan, renomado pelos seus trabalhos premiados em “O Aviador” e “Gladiador”. O enredo se concentrará nas façanhas de Aníbal, um dos maiores estrategistas militares que atravessou os Alpes com seu exército e elefantes em uma das manobras mais audaciosas contra a República Romana.
Recentemente, Denzel Washington colaborou com Fuqua em “The Equalizer 3” e está engajado em “Gladiator”, que retomou produção em Malta.
