“Sequestro Do Voo 375”: A História Real Por Trás do Filme

O diretor Marcus Baldini apresenta ao público O Sequestro do Voo 375, filme sobre a angustiante história real de sequestro aéreo que sacudiu o Brasil no final dos anos 80.

“Sequestro do Voo 375” o filme que conta o quase “11 de setembro” brasileiro

O Sequestro do voo 375 história real

Conhecido em retrospecto como o “quase 11 de setembro brasileiro”, o perturbador episódio do sequestro do voo 375 da Vasp virou filme que vai estrear no dia 7 de dezembro nos cinemas brasileiros.

O filme navega pelas águas turvas de um período político complexo onde a democracia havia retornando há pouco tempo, e o cenário econômico era péssimo. Em meio a isso, um homem desequilibrado após perder o emprego, decide “fazer justiça com as próprias mãos” com um plano de assassinar o então presidente da república.

O problema é que para isso, ele estava disposto a assassinar mais de 100 vidas que estavam a bordo do avião que ele queria usar como arma.

A História real que inspirou “O Sequestro do Voo 375”

A história de Raimundo Nonato Alves da Conceição marcou para sempre a história da aviação brasileira.

Com 28 anos à época, o tratorista havia acabado de ficar desempregado da empresa onde trabalhava e sua mente chegou a conclusão de que seu infortúnio não tinha outro culpado se não a crise inflacionária brasileira, que a época chegava à mais de 17% mensais, e que vinham causando demissões em massa por todo o país. Na época, a taxa de desemprego no país ultrapassa os 11%.

Armado e perigoso, Nonato tomou o controle da aeronave 375 da Vasp em seu último percurso a caminho do Rio de Janeiro, no dia 29 de setembro de 1988. Sua intenção aterrorizante era obrigar o piloto a jogar a aeronave contra o Palácio do Planalto, dessa forma, matando o presidente da época, José Sarney.

20 minutos após o voo estar no ar, Nonato anunciou aos mais de 100 passageiros e à tripulação que estava sequestrando o avião. Na ocasião ele portava uma arma de calibre 32, com a qual ameaçou os comissário de bordo.

Nonato exigia ter acesso a cabine do piloto, e quando encontrou um bloqueio por parte dos comissários, atirou em um deles. Depois disso, o homem desequilibrado fez vários disparos contra a porta da cabine, resultando em mais um comissário ferido.

Depois de perceberem que o home iria até as últimas consequências e estava colocando a vida de todos em risco, a tripulação acabou cedendo à exigência do criminoso e deram acesso a cabine. Infelizmente, isso não apaziguou os ânimos de Nonato, que acabou atirando na cabeça do co-piloto da aeronave, Salvador Evangelista assim que percebeu que o profissional tentava entrar em contato Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo.

O destino do Boeing 737-317 estava nas mãos do comandante Fernando Murilo de Lima e Silva, cuja destreza e presença de espírito moldaram o desfecho da crise.

Sob a ameaça do revólver e a perda de seu colega de tripulação, o piloto conseguiu manter uma conversa calma com o sequestrador, que exigiu inicialmente que o piloto retornasse para Brasília para concluir seu delírio terrorista conta o Palácio do Planalto. Com muito tato, Fernando Murilo conseguiu convencer o criminoso a não ir em frente, porém, Nonato exigiu que o voo fosse pousado apenas em São Paulo.

Não havia combustível suficiente para que esse plano fosse bem sucedido, assim, o piloto conseguiu fazer um pouso perigoso no aeroporto de Goiânia.

A partir daí, foram horas de negociação entre as autoridades e Raimundo Nonato para que o sequestrador deixasse o voo e liberasse os reféns.

Foi assim que as 19h daquela noite, Nonato finalmente deixou a nave usando Fernando Murilo como escudo humano. Mesmo com essa estratégia, ele acabou sendo atingido no abdômen por atiradores da Polícia Federal, que no ato também acabaram atirando na perna do piloto herói.

Raimundo Nonato foi socorrido e mandado para um hospital em Goiânia, e horas depois veio a notícia de que o criminoso não corria risco de vida. Dias depois, no entanto, foi noticiada a morte de Nonato, segundo o hospital, causada pelo agravamento de uma anemia falciforme que ele tinha.

Fernando Murilo de Lima e Silva não foi reconhecido inicialmente como o herói que acabou sendo ao evitar ainda mais tragédias no voo que comandava. As ações das autoridades e da polícia federal frente à crise, são questionadas até hoje.

CONFIRA Também: A Sinistra História Real Que Inspirou ‘Segredos de Um Escândalo’

Aline ResendeFormada em Marketing e pós graduanda do curso de Língua Portuguesa e Literatura. Trabalha na área de comunicação como Criadora de Conteúdo além de fazer trabalhos de atuação e locução para materiais em vídeo. Pseudo-cinéfila e apaixonada por todo universo Geek.
Fechar