Um detalhe tem causado muita discussão no filme “Maestro” da Netflix; produção rebate críticas

A arte muitas vezes anda de mãos dadas com a controvérsia, e não parece ser diferente para o novo filme da Netflix, Maestro, dirigido e estrelado por Bradley Cooper no papel do icônico maestro Leonard Bernstein. Desde o lançamento do trailer do filme, em agosto desse ano, um detalhe gerou burburinho entre o público e provocando discussões acaloradas, especialmente nas redes sociais.

A polêmica da vez girou em torno do uso de próteses por Cooper para representar o rosto de Bernstein, focando-se especificamente no tamanho e formato do nariz protético do ator.

Acusações de representação antissemita

Maestro polêmica do filme

Logo após a divulgação do trailer e das primeiras imagens do filme, vários usuários do Twitter foram até a rede para reclamar e acusar Cooper e a produção do filme de usar a prótese nasal como uma forma de representação estereotipada do maestro, que era judeu.

O burburinho cresceu tanto, que vários internautas passaram a fazer acusações de antissemitismo para a representação de Bernstein.

A aversão de muitas dessas pessoas vem do fato histórico de que, no passado, as perseguições contra judeus por vezes usavam propagandas com a representação dessa população com narizes grandes. Uma forma de marcar e humilhar a nação judaica como “feia” ou “inferior”.

Assim, independente de a cinebiografia de Leonard Bernstein se propor a contar a história de vida do músico e de sua esposa e de a produção do filme envolver diversos profissionais judeus (como o cineasta Steven Spielberg), os internautas não pouparam críticas.

Caracterização de Cooper foi defendida pela família de Bernstein

Quando o assunto é a veracidade e o respeito pela figura representada em uma produção biográfica, é difícil argumentar contra as opiniões daqueles que conheciam o sujeito intimamente.

No calor das críticas que apontavam o uso de próteses nasais como reforço de estereótipos judaicos, surgiram defensores de peso: a família de Bernstein. Os três filhos do maestro manifestaram-se a favor da caracterização feita por Cooper, sublinhando que um dos traços marcantes de seu pai era, de fato, o nariz proeminente.

“Acontece que é verdade que Leonard Bernstein tinha um nariz grande e bonito. Bradley escolheu usar maquiagem para amplificar sua semelhança, e estamos perfeitamente bem com isso. Também temos certeza de que nosso pai também teria ficado bem com isso,” escreveram os filhos em comunicado.

O endosso familiar jogou luz sobre a intenção da produção de buscar autenticidade na recriação da imagem de Bernstein, que, como é possível ver no filme lançado nessa quarta-feira (20) na Netflix, realmente ficou muito próxima a realidade.

Cooper, por sua vez, reagiu com visível emoção ao receber o respaldo da família Bernstein. Durante uma ligação telefônica com Alex Bernstein, um dos filhos do maestro, o ator disse em entrevista que não conteve as lágrimas e expressou sua gratidão pelo apoio.

Organização de combate ao antissemitismo também defendeu o filme

Enquanto críticos e usuários do Twitter acenderam o debate em plataformas digitais, organizações com autoridade em defender e identificar preconceitos entraram na conversa com uma visão mais ponderada.

A Liga Anti-Difamação (Anti-Defamation League – ADL), uma das maiores entidades mundiais da luta contra o antissemitismo, também endossou a escolha da produção de Maestro e a interpretação de Cooper.

Na visão da ADL, o uso de uma prótese nasal para recriar a aparência de Leonard Bernstein não se confunde com as caracterizações pejorativas de judeus em propagadas de mídias antissemitas.

“Ao longo da história, os judeus foram frequentemente retratados em filmes e propaganda anti-semitas como caricaturas malignas com narizes grandes e aduncos. Este filme, que é uma cinebiografia do lendário maestro Leonard Bernstein, não é isso,” diz o comunicado da organização à revista People.

Maestro já está disponível na Netflix.

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Aline ResendeFormada em Marketing e pós graduanda do curso de Língua Portuguesa e Literatura. Trabalha na área de comunicação como Criadora de Conteúdo além de fazer trabalhos de atuação e locução para materiais em vídeo. Pseudo-cinéfila e apaixonada por todo universo Geek.
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