Em Ruínas: Final Explicado do Filme Top 1 da Netflix

Em Ruínas (Badland Hunters, no original), um filme coreano pós-apocalíptico que narra as consequências de um terremoto devastador que leva à derrocada da sociedade, conquistou o topo do ranking da Netflix.

A trama surpreendente e o final repleto de significados se desdobram em uma história que mantém os olhos do público grudados na tela.

Mas, afinal, para que serviram os experimentos do Dr. Yang Gi-su, e o que significava o destino de sua filha?

Vamos analisar o desfecho dessa narrativa que mescla sobrevivência, ciência e o eterno conflito humano entre egoísmo e comunidade.

Como o apocalipse de Em Ruínas começou?

O apocalipse, às vezes, emerge das mãos da própria humanidade. Em Em Ruínas, um terremoto cataclísmico é apenas o catalisador para uma crise mairo pela intervenção humana: a reprodução caótica de lagartos geneticamente modificados, libertados no ecossistema.

Os pouco sobreviventes da humanidade tinham que lidar não apenas com a pouca comida e água, como também com os repteis geneticamente modificados que um cientista louco deixou escapar.

Para que serviram os experimentos do Dr. Yang Gi-su?

A ciência em Em Ruínas caminha de mãos dadas com a loucura. O Dr. Yang Gi-su, com suas intenções distorcidas por uma tragédia pessoal, o leva a fazer experimentos que dariam calafrios a qualquer cientista ético.

No centro de seus objetivos encontra-se o desejo de ressuscitar sua filha, preservada em criogenia enquanto uma solução para sua enfermidade terminal era buscada.

Dr. Yang acreditava ser possível criar seres capazes de viver sem água ou comida, híbridos de DNA humano e animal que transcendessem as necessidades biológicas básicas.

Este é o sonho sombrio que alimenta a jornada transgressora do cientista no filme.

Ma Dong-seok como Nam San em Em Ruínas (Divulgação / Netflix)
Ma Dong-seok como Nam San em Em Ruínas (Divulgação / Netflix)

O que aconteceu com a filha do Dr. Yang Gi-su?

O clímax do filme revela um momento de ironia trágica, quando o mesmo Dr. Yang, em um infeliz disparo acidental, quebra a cápsula que mantinha sua filha sobrevivendo no limbo entre a vida e a morte.

Imersos no desespero do cientista, os espectadores compreendem que os jovens saudáveis sequestrados para os testes não passavam de instrumentos em sua busca por negar o inevitável.

Este ato, reflexo da frágil linha entre genialidade e insanidade, traça o ponto sem retorno para um homem que viu na ciência o último refúgio contra sua impotência diante da morte.

Dr. Yang percebeu que após atirar na capsula de sua filha seria impossível até mesmo tentar trazê-la de volta. O cientista culpou Nam-sa pelo que aconteceu, mas foi morto pelo caçador antes que ele pudesse fazer mal a mais pessoas.

As cobaias do Dr. Yang eram zumbis?

Embora Em Ruínas não se posicione como um típico filme de zumbis, as criaturas que perambulam por sua paisagem desolada evocam as entidades errantes que tanto permeiam o imaginário popular.

As cobaias humanas do Dr. Yang, desprovidas de suas memórias e humanidade, transformam-se em seres que atacam com violência, nutrindo comparações com os zumbis tradicionais.

O personagem Eun-ho enfrenta o horror das vítimas dos experimentos do Dr. Yang, destacando a linha que conecta Em Ruínas ao gênero de horror e sobrevivência, ainda que através de um olhar científico e distópico.

Lee Hee-jun com Dr. Yang em Em Ruínas (Divulgação / Netflix)
Lee Hee-jun com Dr. Yang em Em Ruínas (Divulgação / Netflix)

O que o fim de Em Ruínas realmente significa?

No desfecho de Ruínas, duas figuras centrais se destacam: Nam-sa e o Dr. Yang. Ambas lidam com a perda irrevogável de suas filhas, mas escolhem caminhos divergentes.

O Dr. Yang, cego pela chance de uma vitória impossível sobre a morte, consequentemente sacrifica inúmeras vidas em nome de sua obsessão.

Por outro lado, Nam-sa é atormentado pela culpa, mas sua resolução se encontra na comunidade, caçando criaturas para oferecer sustento a preços justos, refletindo altruísmo em tempos sombrios.

A morte do Dr. Yang não é apenas o fim de uma série de atos nefastos, mas também um sublinhado na narrativa sobre a importância do espírito comunitário. O egoísmo e a ganância que cercavam os seguidores do cientista são abandonados em favor do triunfo coletivo.

Através de suas lentes pós-apocalípticas, Em Ruínas celebra a resiliência humana e a capacidade de escolher caminhos que honrem a vida e o outro, em vez de escorregar nas sombras do desespero individual.

Enquanto a tela escurece e as letras dos créditos sobem, o público fica com a profunda reflexão sobre a humanidade: sobreviverão nossa compaixão e solidariedade nos tempos mais obscuros, ou seremos vítimas de nossas próprias ambições desmedidas?

Em Ruínas, ao entrelaçar ação, emoção e ética, não apenas diverte, mas também instiga o espectador a ponderar essas questões, solidificando-se como um fenômeno digno de seu lugar de destaque na Netflix.

Sergio ScarpaFormado em Administração e Psicologia, e também fez curso de desenho. Fã de games, desenhos animados, séries e filmes.
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